O surdo é um tambor cilíndrico de grandes dimensões e som profundamente grave. O surdo é tipicamente feito de madeira ou metal e possui peles em ambos os lados. Este tipo de tambor baixo é tradicionalmente usado em escolas de samba, cada escola tendo em média de 25 a 35 unidades na sua bateria. Também é encontrado em torcidas organizadas aonde eles ditam o ritmo e são considerados o "coração" da torcida. Sua função principal no samba é a marcação do tempo. Surdos também podem ser encontrados em bandas marciais ou militares e geralmente são utilizados para marcar o pulso binário da marcha, em conjunto com o bumbo e a caixa.
O nome surdo pode designar também o tom-tom mais grave de uma bateria, o floor tom, que geralmente fica apoiado sobre pés próprios, ao lado direito do baterista (no caso de bateristas destros).
-O ponto de partida no samba:
O surdo é o "coração do samba". Com sua batida simples e marcante, esse grande tambor tem rica história. Trata-se de invenção legitimamente brasileira: criado por Alcebíades Barcelos (1902-1975), o Bide, com latão de manteiga, aros e pele de cabrito, ele estreou no carnaval em 1928, no desfile da Deixa Falar, a primeira escola de samba brasileira. A mesma que pôs tamborim, cuíca e pandeiro na folia. Tudo isso orquestrado por um percussionista genial: Armando Marçal (1902-1947). O sucesso foi tanto que, um ano depois, todas as escolas copiaram a Deixa Falar. Ismael Silva (1905-1978), que teve participação decisiva nesse processo, explicou: "o samba deixou de ser 'tan tantan tan tantan' e se tornou bum bum paticumbumprugurundum". O som dos bambas do bairro carioca de Estácio de Sá influenciaria Noel Rosa e Ary Barroso.
-Execução:
O surdo é fixado ao ombro do percussionista por uma tira de couro (talabarte) e posicionado para que a pele superior fique aproximadamente na horizontal.
É tocado com uma baqueta em uma mão e com os dedos e a palma da outra mão. A baqueta é feita de madeira e tem uma ponta forrada de feltro ou couro e ocasionalmente algum material de enchimento cobrindo a ponta de madeira. Enquanto uma mão toca o tambor com a baqueta, a outra abafa ou toca
ritmos de suporte em torno do pulso principal. Um ritmista experiente pode obter vários padrões diferentes ao abafar e tocar o instrumento com a pele solta. Também é possível variar o som ao tocar a pele em pontos diferentes: próximo ao centro o som possui uma grande ressonância e volume sonoro. Próximo às bordas, o som é mais abafado. Outra diferenciação é possível se a posição de ataque da baqueta for variada: Ela pode ser batida lateralmente ou perpendicularmente à pele, com resultados sonoros diferentes em cada caso. A batida no anel produz um som seco e metálico.
A execução com uma baqueta e a mão, típica do samba também é usada pelo repinique que muitas vezes é considerado um surdo muito pequeno..
Em bandas militares, o surdo possui tamanho pequeno (no máximo 50 cm) e é tocado com duas baquetas, em geral tocando o primeiro e segundo tempo do padrão binário, ou células rítmicas pouco complexas.
Em grupos de samba-reggae, como a Timbalada ou o Olodum, típicos do carnaval da Bahia, os papéis do primeiro e segundo surdo são invertidos, o primeiro tocando o tempo 1 e o segundo tocando o segundo tempo. Nestes grupos, o terceiro é tocado com duas baquetas.
Fonte: looscandelas.com.br